terça-feira, 21 de agosto de 2007

O lead....

O lead clássico como base para automação do discurso informativo

Já se pode, hoje, falar em produção automática de discursos, isto é, no desenvolvimento de programas capazes de informar, em língua humana, sobre eventos observados por algum dispositivo periférico ou cujos dados o usuário tenha ditado ou digitado em um computador. A possibilidade decorre não só da crescente capacidade de memória e velocidade de operação das máquinas, mas também dos progressos realizados em áreas como a sintaxe e a inteligência artificial.

Os campos imaginados inicialmente para aplicação desse recurso são técnicos e científicos: observações meteorológicas ou registros médicos, por exemplo. Mas pode-se pensar em sua utilidade na produção de anúncios classificados; avisos de tráfego aéreo, terrestre ou marítimo; noticiário sobre a variação das cotações em bolsas de ações, moedas ou mercadorias; alterações nas colocações em rankings ou campeonatos etc. Em cada caso,
pressupõe-se o preenchimento de variáveis em formulário; a ordenação dessas variáveis segundo algum critério (ou séries de critérios, condicionados a premissas: num classificado de imóveis, dá-se prioridade ao preço, se é inferior à média de mercado, à localização, se é notável, etc.); e a produção sintática do enunciado final.

A Lingüística contemporânea caminha para o estabelecimento de padrões computáveis para as línguas naturais. Isso torna-se evidente quando se freqüentam manuais de sintaxe gerativa (por exemplo, RADFORD, 1988) ou de semântica formal (por exemplo, CANN, 1993). A Lógica simbólica, por outro lado, vem incorporando inovações (a lógica modal, a lógica intensional) instrumentais para a compreensão dos códigos lingüísticos (ALLWOOD, 1977). E a Psicologia cognitiva investiga como cérebros humanos conseguem, a partir de seu conhecimento do mundo, eliminar a ambigüidade da maioria dos enunciados; a partir de x informações que recebem, produzir x + y informações; ou, a
partir da prática, produzir experiência, isto é, alterar programas de comportamento.

Terão os jornalistas algo a dizer, neste momento? Afinal, processar informações é nosso negócio, e a Teoria do Jornalismo há muito explicitou os mecanismos de produção de informação primária - os leads de notícias sobre eventos concretos. Disso vamos tratar neste artigo.

1. Notícia e reportagem
Se este é o caso, teremos que trabalhar com definições estritas do que seja notícia ou do que seja lead de notícia. Tradicionalmente, não se distingue em jornalismo notícia de reportagem; no entanto, a diferença será essencial em nosso modelo. Diremos, pois, que a notícia trata de um fato ou de fatos; noticia-se a queda de um avião, a morte de um político ou a estréia de um espetáculo. Já a reportagem trata de um assunto: faz-se reportagem sobre a segurança dos vôos, a carreira do político ou de um espetáculo há muito em cartaz.

A distinção principal está em que queda, morte ou estréia são verbos nominalizados (cair, morrer, estrear), ações datadas que se referem a fatos objetivos; já a segurança e a carreira são temas duráveis, que só existem como resultado de operação analítica ou crítica da realidade.

Temos condições, agora, de propor definições adequadas à nossa intenção:
a. Notícia é o relato de um fato novo relevante, tomado a partir de seu aspecto mais importante ou interessante; ou de uma série de fatos novos relevantes, tomados a partir do fato mais importante ou interessante.
b. Lead é a abertura de uma notícia: proposição completa, constituída de sujeito, verbo, complementos e circunstâncias, que se inicia pela notação mais importante ou interessante e que pode apresentar-se, no nível de sua realização sintática, por um ou mais períodos no mesmo parágrafo lógico.

2. O lead de notícia como estrutura lógica
I - A notícia, tal como o relato oral de um fato relevante, não narra nem argumenta. É expositiva e axiomática. O lead da notícia decorre da maneira usual de, na linguagem falada, transmitirmos a informação de um fato. Admitamos que, no caminho de casa para o trabalho, vi um corpo estirado no asfalto, ao lado de um carro batido e uma vela acesa. Direi aos colegas: "Vi um desastre com um morto na Costeira do Pirajubaé" ou "um camarada morreu agora mesmo num desastre na Costeira". Não iniciarei o relato da ocorrência contando, em ordem cronológica, como acontece nas narrativas, os incidentes do meu dia: "Acordei hoje de manhã, saí de casa antes da hora e, na Costeira do Pirajubaé, o trânsito estava engarrafado. Demorou uns 15 minutos até que vi que..." Nem farei a análise lógica do meu achado: "Na Costeira do Pirajubaé havia um carro batido; como ainda estava lá, suponho que tenha ocorrido um desastre pouco antes. Perto, um corpo caído no chão. Se havia uma vela acesa junto ao corpo, então ele deve ser um cadáver e, pela localização, concluo que foi vítima do mesmo acidente..."

A diferença entre o lead formal clássico da notícia e o relato oral que faço da ocorrência aos colegas (apresentando como dados as inferências que me parecem justificadas) é que, nas circunstâncias de veiculação, não tenho controle sobre a situação em que a informação será consumida, isto é, não sei onde, em que ambiente e com que preocupações estará o consumidor. Enquanto na comunicação oral direta disponho de feedback imediato - sei se o que digo está interessando ou não, se estou sendo ou não compreendido - no caso da notícia publicada em veículo de comunicação devo conformar-me com dados estatísticos e probabilidades: em geral as pessoas lêem o jornal no dia em que ele é editado, muitos lêem durante o café da manhã, as pessoas costumam escutar as novidades no rádio do carro, o público deve ter tal ou qual vocabulário básico etc.

A situação em que não se tem controle das condições de fruição de uma mensagem existe desde que se inventou a escrita - e, com ela, a possibilidade de transmitir mensagens complexas de maneira transtemporal e transespacial, isto é, para consumidores que não estão no aqui e agora da enunciação. Aristóteles teorizou sobre isso, criando a noção de proposição completa - isto é, aquela que consiste do sujeito, do que lhe é predicado e das circunstâncias da predicação. É daí que vem a síntese de Laswell - quem ou que, o que, onde, como (e com que), porque e para que.

II - Seja o lead concebido, na teoria, como proposição completa que transfere para o contexto do jornalismo a maneira usual de se transmitir oralmente, pessoa a pessoa, a mensagem de um fato julgado de interesse. Teremos assim o lead como sentença longa, constituída de uma proposição nuclear e o maior número disponível de circunstâncias do evento.

Proposições desse tipo têm como núcleo verbos de ação objetiva, isto é, que expressam transformações evidentes, deslocamentos ou enunciações; verbos dos campos semânticos de fazer, ir e dizer, isto é, fazer de alguma forma, ir (ou vir) de alguma forma, dizer de alguma forma. No limite das experiências sensíveis a que o jornalismo se reporta, não há espaço para verbos de ação subjetiva como pensar ou imaginar: não posso afirmar como fato o que suponho que alguém estava pensando ou imaginando; devo limitar-me ao que constatei, ao que se tornou explícito para mim, como observador.

A proposição completa pode ser ordenada a partir de qualquer de seus termos. Pode começar:
a) pelo sujeito, construindo-se na voz ativa - "O assaltante matou a mulher...";

b) pelo complemento direto do verbo, construindo-se na voz passiva - "A mulher foi morta pelo assaltante...";

c) pelo complemento indireto do verbo, usando-se um segundo verbo que guarde com o primeiro relação de antonímia recíproca - "A embaixatriz da Dinamarca recebeu do Presidente a medalha..." em lugar de "O Presidente entregou à Embaixatriz da Dinamarca a medalha ...";

d) por uma circunstância, tornada externa, isto é, deslocada para o início do período - "Com uma chave de fenda, o assaltante matou ...";

e) por uma circunstância transformada em sentença pelo emprego de verbo ou perífrase relacional, nominalizando-se, eventualmente, a ação principal - "Uma chave de fenda serviu para o assaltante matar ...", "A esquina mais movimentada da cidade foi cenário do assassinato...".

III - Para se compreender o percurso do lead teórico - a proposição completa de Aristóteles - até leads reais de notícias sobre fatos primários, devemos considerar a distinção que se pode estabelecer entre níveis profundo e superficial de uma sentença. Em nível profundo, o lead seria concebido como a proposição completa aristotélica. A partir daí, sofreria duas ordens de transformações:

a) A ordenação das notações - O princípio é que o lead de uma notícia deve começar pela notação principal, aquela que desperta mais interesse: poderá começar pelo sujeito, pelo complemento do verbo ou por qualquer das circunstâncias, se estiverem nesse caso. Começará pelo sujeito se este for o mais relevante, ou se a ação expressa pelo verbo, esta sim, for relevante; pelo complemento do verbo, se este for o mais relevante; ou pela circunstância que for mais relevante. Do ponto de vista do lead jornalístico, Kennedy foi morto por um desconhecido é melhor do que um desconhecido matou Kennedy, porque a notação "Kennedy" é mais relevante do que a notação "um desconhecido". Da mesma forma, a existência de vida fora da Terra foi comprovada pelo exame de um meteorito vindo de Marte é mais adequado do que o exame de um meteorito vindo de Marte comprovou a existência de vida fora da Terra.

b) A distribuição da proposição por mais de um período - Sendo a proposição completa muito extensa, o lead pode ser distribuído em vários períodos do mesmo parágrafo lógico, isto é, da mesma unidade de sentido. O parágrafo lógico coincide freqüentemente - nem sempre - com o parágrafo gráfico. A distribuição das informações do lead por mais de um período é obrigatória, na maior parte dos casos, quando se escreve para rádio ou televisão; o texto para ser lido deve constituir-se de frases curtas para que o ouvinte não perca a noção de sua estrutura sintática. A segmentação pode acentuar ainda o efeito dramático, ou permitir maior detalhamento.

III - Uma das circunstâncias freqüentes do texto jornalístico é a rapidez de sua produção, que o caracteriza como produto industrial. Alguns gêneros jornalísticos são mais exigentes do que outros quanto à velocidade; supõe-se que uma reportagem de revista demore mais tempo a ser escrita do que a notícia de um acidente que acabou de acontecer. A produção acelerada e em escala industrial de textos é possível mediante restrições aplicadas ao código lingüístico. Da mesma forma que posso digitar tão mais rápido quanto menos teclas haja no teclado, posso produzir frases tão mais rapidamente quanto menos itens léxicos e elenco menor de regras deva considerar.

Entre as restrições que se aplicam à linguagem no texto das notícias destacam-se:
a) o uso da terceira pessoa verbal e de verbos no pretérito perfeito, futuro e presente pelo futuro do Indicativo;

b) o veto de palavras e expressões inaceitáveis no registro coloquial, salvo os termos técnicos indispensáveis; em contrapartida, o veto a palavras e expressões inaceitáveis no registro formal;

c) a eliminação de qualificativos que encerram sentido testemunhal e valorativo, e sua substituição, quando possível, por aferições objetivas, verificáveis;

d) a construção de períodos menores e mecanismos sintáticos menos complicados, salvo os que reproduzem modelos estruturais canônicos;

e) o recurso a fórmulas ou modelos estruturais tais como "x pessoas morreram quando..." , "x milhões de reais foram perdidos em conseqüência de..." ou " ‘tal coisa’, disse fulano, a tal hora, em tal lugar, em tais e tais circunstâncias".

3. A variante interpretativa do lead
Em sua concepção original, o lead reporta-se às aparências do fato, não ao que o homem tem por sua essência. Assim, a notícia é, do ponto de vista clássico, que os astronautas chegaram à Lua, não que os Estados Unidos ganharam um round na luta pela conquista do espaço, nem que a humanidade deu um salto para fora de seu habitat, embora essas duas proposições possam ser a essência histórica do que aconteceu.

No entanto, nas últimas décadas, três fatores vêm gerando a transformação do lead no sentido do mais essencial, menos aparente: o primeiro deles é o primado de fatos econômicos, científicos e tecnológicos que só fazem sentido para o leitor comum quando interpretados; o segundo, a pretensão de oferecer algo mais do que a informação pura e simples do fato; o terceiro, o uso do jornalismo em estratégias de mercado e iniciativas de controle da opinião.

Assim, a notícia é de que os cientistas "comprovaram a existência de vida em Marte", não a de que "localizaram em um meteorito substâncias que aparecem na decomposição de bactérias terrestres". O fato em si, o que realmente aconteceu de maneira objetiva, imediata, passa a ser documentação do lead interpretativo. Da mesma forma, diante de uma informação amplamente difundida, talvez faça mais sentido escrever que "o jovem que inspirou paixões e incendiou a juventude latino-americana na década de 60 completou 70 anos como presidente de um país em crise" do que "o Presidente de Cuba, Fidel Castro, comemorou em Havana seus 70 anos recebendo homenagens oficiais e populares".

Nos textos interpretativos e matérias sobre assuntos, a informação aparece mais situada em seus contextos, exposta em suas relações com outros dados - o que é excelente; mas, por outro lado, eles retiram do enunciado jornalístico a aura de imparcialidade que os fatos têm, uma vez que não podem ser negados ou contestados. As versões aderidas aos fatos no texto interpretativo, estas sim, são vulneráveis à crítica. Numa sociedade de classes, organizada segundo um pacto de dominação, a interpretação dominante será inevitavelmente a da classe - e até do grupo - dominante, e isso vale também, ou principalmente, para os veículos de comunicação.

Na verdade, as notícias de jornal são cada vez menos notícias no sentido clássico e cada vez mais reportagens. Também nos telejornais e boletins de rádio produzem-se reportagens. Elas atendem melhor à contingência industrial de planejamento da produção: reportagens são criadas e, por isso, controláveis; o tema é escolhido, dentre os jornalisticamente disponíveis, e não se precisa esperar que algo de inusitado aconteça.

Priorizaremos, aqui, a notícia clássica construída sobre dados fatuais, porque, no atual estágio do conhecimento, é dessa natureza os textos que poderão eventualmente ser automatizados.

4. As unidades de sentido que compõem o lead
Pode-se imaginar que o lead seja montado com partes mais simples, isto é, que antes de ele existir como proposição completa, deva ter havido um conjunto de partes menores dotadas de sentido. A investigação desse caminho implica a adoção de algumas hipóteses teóricas:

i. Existe um nível profundo, seminal, que contém o ponto de partida mental dos operadores gramaticais que tenho no cérebro para a construção do lead real. As proposições, nesse nível profundo, seriam mais breves, tendendo a fórmulas mínimas ou atômicas. Para "o avião caiu", por exemplo, teríamos: "Existe isso> Isso é avião> Isso é o avião> Isso cai> O avião cai> O avião caiu;

ii. Ludwig Wittgenstein, sábio austríaco que é um dos fundadores da lógica moderna escreve, no seu Tractatus Logico-Philosophicus, que os homens constróem modelos para apreender a realidade. Pretendemos modelar a realidade para compreender esse gênero de discurso;

iii. Os modelos que vamos propor devem ser computáveis, isto é, devem ser expressáveis em programas de computador;

iv. Desde Tarski (TARSKI, 1974), uma proposição pode ser verdadeira ou falsa conforme corresponda ou não à realidade ("a neve é branca" é verdade se a neve é branca), mas uma locução não pode ser verdadeira ou falsa; tem apenas significado. Ora, a produção de enunciados longos a partir de proposições atômicas pressupõe a transformação de proposições verdadeiras em sintagmas significantes (Isto é avião> Este avião). Tal processo pode envolver a nominalização de verbos de ação (O avião caiu> A queda do avião).

Quanto aos critérios gerais, fomos buscá-los em Heinrich Hertz, que analisa os condicionamentos de uma teoria científica no seu livro Princípios da Mecânica apresentados em nova forma (HERZ, 1956). Deve ser (a) logicamente permissível, isto é, não contrariar os padrões do pensamento humano, as grandes categorias definidas pela descrição clássica e as reduções formuladas pela lógica simbólica; (b) correto, isto é, cujas relações essenciais correspondam às relações do objeto, captadas pela consciência e intuição dos falantes; (c) adequado, que inclua o maior número de relações essenciais do objeto, dentre as quais, em nosso caso, prevalecem as determinadas pela intenção semântica de qualquer enunciado; e (d) simples, que disponha do mínimo de relações vazias, meros artifícios lógicos que objetivam a coerência do modelo.

Dito isso, consideraremos toda sentença-lead como constituída de uma locução verbal que se reporta ao fato e em torno da qual se organizam locuções nominais designando actantes (personagens ou seres que atuam) do fato. Circunstâncias de tempo, lugar, modo, instrumento e finalidade são consideradas novas atribuições verbais relacionadas à totalidade da ação descrita.

5. Sintaxe e semântica das locuções nominais
Sintaxe - Consideramos, em um modelo sintático estrutural simples, que a locução nominal se compõe de determinante (D), quantificador (Q), nome ou nomes (N) e adjetivo ou adjetivos (A). O adjetivo pode constituir-se de um item léxico, referente a uma classe de coisas; um nome ou locução nominal precedida de relacionador k; ou uma sentença precedida de relacionador k.

D . Q . N . A , em que: A = A, A = kN ou A = kS

Em "estes mil soldados persas do exército de Ciro", estes é determinante, mil quantificador, soldados nome, persas e do exército de Ciro adjetivos . A sintaxe alternativa D . Q . A . N não se aplica, em português, a A =kN e A = kS. Ou seja: a antecipação do adjetivo ao nome não é possível quando o lugar do adjetivo é ocupado por locução ou sentença precedida de relacionador. Não posso dizer *o de Ciro exército ou *o que Ciro comanda exército.

Semântica - Devemos estipular que:
1. A locução é entendida como conjunto de notações que particulariza o referente. Em decorrência, o produto dos itens léxicos justapostos na locução é compreendido como interseção dos conjuntos conceituais a que se referem esses itens léxicos. O louro barbudo que mora ao lado é a interseção do conjunto dos louros, dos barbudos e dos que moram aqui ao lado;

2. A designação adjetiva não pode estar implicada na definição da designação nominal. Assim, no exemplo seguinte, líquido não poderá estar anexo à designação nominal água; não se diz * água líquida.

3. Todo elemento que não particulariza o referente é excluído do modelo. Será entendido como comentário e definido como explicativo (em português, irá entre vírgulas);

4. Por hipótese, a cada item léxico p corresponde um significado p’; a cada regra sintática r corresponde uma regra semântica r’.

Teremos, assim: D’ÇQ’Ç(N’ÇA’) , em que N’ = nome genérico.

Observações:
a) A semântica alternativa D’ÇQ’Ç(A’ÇN’) pode implicar alteração do sentido de A’, de concreto para abstrato: homem bom/bom homem; gente pobre, pobre gente. Pode ainda haver mais de um adjetivo: D'ÇQ'Ç(N’ÇA’1ÇA’2 ÇA3 Ç.... A’n) ;

b) O modelo semântico não se aplica a situações em que o adjetivo tem função metalingüística, isto é, refere-se à nomeação em si e não à referência do nome. É o caso de suposto, provável, falso, suspeito etc; em tais situações, não há interseção dos conjuntos conceituais (o suposto assassino pode não ser assassino e o falso assassino certamente não o é). A análise deve, então, partir de formas lógicas mais elaboradas - por exemplo, "o que pelo menos um acredita ser o assassino", "o que se acredita ser mas não é o assassino" - e representações modais como $x"yBxA(y) , "existe pelo menos um x e qualquer um y tal que x acredita (Ba) que y é assassino" .ou "x$yBxK(y)ÙØ A(y) , "para qualquer x existe um y tal que x acredita que y é assassino e y não é assassino";

c) certos usos de linguagem a que o modelo semântico não se aplica (construções retóricas e poéticas, oxímoros etc.) não são próprias, por definição, da linguagem em que se produzem notícias.

Consideremos, agora, as partes do modelo semântico da locução:
a . Os determinativos - Formam séries relacionadas (1) à posição no espaço-tempo; e (2) à relação de posse, propriedade ou atribuição; (3) à definição; (4) à
ordem:

1.este, esse, aquele, esta, essa, aquela, estes, esse, aqueles, estas, essas, aquelas.
2.meu(s), teu(s), seu(s), minha(s), tua(s), sua(s), dele, dela, nossa(s), vossa(s), deles, delas.
3.o, a, os, as; um, uma, uns, umas; qualquer, algum, certo etc.
4.primeiro(s), último(s), quinto(s) etc.

Os determinativos dos grupos (1) e (2) são referidos, na linguagem oral, às pessoas do discurso. Na modalidade escrita impessoal, os do grupo (2) resumem-se a seu, seus, dele, deles, já que a pessoa do discurso é a terceira; os do grupo (1) passam a referir-se a relações dentro do texto. A linguagem dos leads privilegia, em geral, a máxima determinação possível, enquanto, nos títulos de notícias, onde se busca generalidade, a indeterminação é máxima: de modo geral, os determinativos são, aí, suprimidos. Em todo caso, o estilo jornalístico aconselha evitar, quando possível, determinações imprecisas (como algum, certo): no texto, deve-se especificar a qual coisa nos referimos; no título, indeterminá-la radicalmente. Assim, se num texto tenho "o subcomandante do 22o Batalhão de Infantaria, ele será chamado no título de "coronel". Se a casa assaltada, diz a notícia, fica na rua tal, número tal, no título ela será "casa". E assim por diante.

Os determinativos o, a correspondem aproximadamente ao operador lógico iota (i); os determinativos os, as ao operador lógico lambda (l). As séries determinativas organizam-se em escalas de determinação variável, sendo a ausência do determinante (Æ) a máxima indeterminação:

(Æ) vitória/uma vitória/alguma vitória/certa vitória/a vitória/nossa vitória/a primeira vitória/essa vitória.

Os quantificadores - Pertencem a três categorias: os redutíveis a quantificadores lógicos, os indicadores de número (um, dois, mil etc.) e os indicadores de coleção (dúzia, cento, bando).Os quantificadores lógicos são $ , quantificador existencial - "algum", "alguém", "pelo menos um"; e " - quantificador universal - "todo"/"tudo", "cada", "para cada". A diferença entre os dois pode ser exemplificada a partir de exemplos clássicos. Torna-se óbvio que Newton, quando propôs que "todo corpo não sujeito a ação de qualquer força manterá seu estado de inércia ou movimento, não estava afirmando a existência ($) de tal corpo, mas sim que a lei se aplicaria a qualquer corpo (") que estivesse em tal situação. Da mesma forma, em "todo centauro tem quatro patas", o fato de não existirem centauros (Ø $ ) não implica negar que, se existissem (para qualquer um, "), teriam, por definição, quatro patas. Finalmente, não apenas o que existe ($) mas tudo o que possa existir (") está em fluxo, como quer Heráclito.

Nomes e adjetivos - Do ponto de vista semântico, nome próprio ou individual é a designação específica de uma coisa, algo que a representa de maneira única no universo considerado: a marca, tipo e número de série de um produto industrial, por exemplo. Nomes próprios são perfeitamente unívocos, mas não permitem operações lógicas, exceto "A" (o nome) é A (a coisa nomeada).

Nomes e adjetivos designam classes ou conjuntos de objetos; têm uma extensão, isto é, a totalidade dos referentes a que se aplicam, e uma intensão, isto é, uma definição por outras palavras do código lingüístico. Nomes próprios designam conjuntos unitários. Nomes de objetos inexistentes no universo considerado designam conjuntos vazios, isto é, que têm conceito ou definição intensiva mas nenhuma extensão.

O processo de abstração que dá origem à linguagem começa com os nomes genéricos. Representam qualidade, estado ou ação do ser nomeado; isso, de certa forma, o desintegra. Quando chamo a árvore do quintal de pinheiro, estou priorizando o fato de ela dar pinhas e pinhões; considero algumas características físicas da planta, mas desprezo as circunstâncias peculiares desse pinheiro. Designações genéricas referem-se a conjuntos de seres de extensão incerta (não se sabe, em geral, a quantos se aplica) que têm em comum algo que é a definição intensiva (o que são) do conjunto. O mesmo ser tem uma infinidade de denominações genéricas, as dos conjuntos a que possa pertencer: o pinheiro é árvore, planta, ornamento etc.

Nomes genéricos não se reportam apenas a seres; também às demais coisas, àquilo que pode ser referido no discurso (a amizade, por exemplo, é uma bela coisa, mas não é um belo ser). Entram nessa categoria ações objetivas (o processo e os resultados), qualidades, e, daí, sensações, sentimentos, atos subjetivos e seus resultados. Canto, queda, angústia: cada um desses referentes (o ato de cantar, o processo de cair, o ser angustiado) passa a ter existência virtual e age na língua como se fosse criatura física, sujeito e objeto de proposições. É operação lógica difícil, que, em certos casos, dá origem a representações alegóricas, como as parcas (a morte) ou cupido (o amor). .

A generalização nominal mais reveladora de uma cultura é a de conceitos que parecem libertar-se da ação, qualidade ou estado originários para ensaiar vida autônoma. Nesse caso, palavras como liberdade, verdade, juventude ou modernidade tornam-se mais símbolos vagos do que signos que se possam avaliar. Quero dizer: se liberdade decorre de libertar-se, então só tem sentido quando se define de que prisão ou opressão se liberta; se verdade deriva de revelação, refere-se a sensação específica para cada natureza de descoberta; e assim por diante. Eis aí as chaves do discurso demagógico, como notou Frege a propósito da expressão vontade do povo.

6. Sintaxe e semântica das locuções verbais
Sintaxe - A locução verbal é constituída de:
a. núcleo correspondente ao radical ou à forma neutra do verbo nuclear da locução;
b. desinência verbal do verbo nuclear da locução;
c. verbo ou verbos não nucleares e suas desinências;
d. advérbios, locuções adverbiais ou orações adverbiais que atuam como ‘adjetivos de verbo".

Esses elementos, em seu conjunto, definem:
1. o tempo verbal (tense), seja passado, presente ou futuro; futuro do passado, passado do passado; passado do futuro, futuro do futuro;
2. a pessoa, seja a primeira (eu, nós), segunda (tu, você, vocês) ou terceira (ele, ela, eles, elas);
3. o número, seja singular (eu, tu, você, ele/ela) ou plural (nós, vocês, eles/elas);
4. a atitude discursiva, seja ela afirmativa-negativa, interrogativa ou exclamativa;
5. o aspecto, especificação da maneira com que o sintagma se relaciona com o tempo real;
6. o modo, especificação do mundo possível em que se passa a ação.

O aspecto especifica como a ação transcorre no tempo. Se a ação é imperfeita (o aspecto imperfectivo), não estará explicitado se ela foi concluída ou não. É o caso do passado imperfeito; se escrevo que alguém dizia, não esclareço se terminou de dizer. Se a ação é perfeita (o aspecto perfectivo), estará explicitado que ela se encerrou. É o caso do passado perfeito; se digo que alguém disse, está claro que esse alguém terminou de dizer. O presente do indicativo é sempre imperfectivo: se algo transcorre, não pode ter terminado de transcorrer. Já o futuro, como o passado, admite formas perfeitas (terá dito) e formas imperfeitas (estará dizendo). O elenco das ações com aspecto imperfectivo admite pelo menos duas variações: a das ações freqüentes (aspecto freqüentativo) e das ações concomitantes. Tomando-se o presente do Indicativo como modelo, se digo que vou, posso estar indo ou costumar ir. Estar indo é uma forma verbal que especifica o aspecto concomitante da ação, enquanto costumar ir especifica o aspecto freqüentativo. Esses aspectos, no entanto, podem ser evidenciados por advérbios: vou agora, vou sempre; vou às vezes, vou quando posso. Ações perfectivas e imperfectivas, concomitantes ou freqüentativas não esgotam o elenco dos aspectos. Pode-se mencionar os aspectos da ação iniciada (começou a falar) ou que está para iniciar-se (está prestes a falar, vai falar), o perfectivo imediato (acabou de falar) etc.

A noção de modo está ligada à idéia de mundos possíveis. Posso imaginar, com razão ou sem, que tenho alguma relação de mando com quem me ouve, e ordenar ou conclamar, como fazem os anúncios: ‘Vôe Varig’, ‘beba Coca-cola’; o Imperativo é um modo. Posso também imaginar que o mundo é diferente por algum outro aspecto da maneira como se apresenta na realidade, e falar com consistência (sem contradições) sobre o que aconteceria se ele fosse de fato diferente.

As maneiras com que podemos conceber o mundo, os casos ou situações que poderiam ocorrer, formam os mundos possíveis. Para qualquer proposição - digamos, "o jantar está servido" - podemos imaginar um conjunto de mundos em que ela seria verdadeira. (No caso, a proposição não seria verdadeira caso fosse de manhã, ou estivéssemos numa cultura que desconhecesse o costume de fazer a refeição da noite.) Da mesma forma, um mundo possível pode ser caracterizado pelo conjunto das proposições que nele são verdadeiras. Posso falar de um mundo possível em que os bichos falam e as fadas existem; essas proposições são caraterísticas do mundo possível.

Na Lógica clássica só se pode falar de um mundo possível a cada vez. No entanto, é comum, na fala corrente, a exposição de relações entre diferentes mundos possíveis:

**É certo que choverá amanhã = em qualquer mundo possível, choverá amanhã
ou: necessariamente, choverá amanhã.

**É posível que chova amanhã = em algum mundo possível, choverá amanhã.

"Possível" ou "necessário" ("certo") são categorias estudadas na Lógica Modal. Na linguagem corrente, as nuanças de sentido que são objeto da Lógica Modal traduzem-se por advérbios ("possivelmente,", "certamente" etc.) ou verbos não nucleares das locuções verbais ("pode chover", "deve chover" etc.). Considerando-se o diferente rol de modalidades, há, na verdade, vários modos, que correspondem a várias lógicas modais:

a) a Lógica Modal propriamente dita, que lida com o materialmente possível e o materialmente necessário;
b) a Lógica Deôntica, que lida com o obrigatório e o permitido;
c) a Lógica Alética, que lida com o logicamente possível e o logicamente necessário;
d) a Lógica Epistêmica, que lida com o que se acredita e o que se conhece;
e) a Lógica Bulomaica, que lida com o que se deseja e o que certamente acontecerá.

Os verbos auxiliares modais expressam crenças, desejos, convicções etc. dos homens; são verbos proposicionais, isto é, são capazes de introduzir proposições (além de pode ou deve, temo, espero, sei...). Mas a mesma construção frasal pode representar diferentes variantes modais, depreendidas do contexto. Se A diz que ama B, expressa uma convicção referida à subjetividade, isto é, uma proposição epistêmica do tipo acredita; se A diz que Santiago é uma cidade, uma proposição epistêmica do tipo conhece; se A diz que pode casar-se, expressa uma proposição epistêmica ambígua, modal ou deôntica; e assim por diante.

6. Semântica da proposição lead
A sentença nuclear do lead pode ser analisada como função, no sentido matemático do termo (FREGE, 1978). Neste caso, lidamos com variáveis e constantes predicadas (sempre maiúsculas), e com variáveis e constantes individuais (sempre minúsculas), que correspondem aos argumentos da função. Se tenho "Xangô ergueu o machado", posso imaginar que "Xangô" é um argumento x e "ergueu o machado" a função E; daí, escreveríamos
E(x). Posso, no entanto, imaginar que "Xangô" e "o machado" são dois argumentos, x e m, enquanto "ergueu" seria a função E: escreveríamos E(x,m), para dizer que x (Xangô) ergueu (E) o machado (m). Posso ainda construir uma proporção tal como "Xangô ergueu o machado assim como Oxalá ergueu o báculo, Ogum ergueu a espada" etc. A natureza da relação entre um argumento e outro é constante, expressa, no caso, pelo verbo.

A forma geral de uma sentença como o lead é, portanto, F (x,y,z...) , em que F corresponde ao verbo e x, y, z ... aos argumentos, isto é, ao sujeito x (argumento externo) e complementos y, z ... (argumentos internos) do verbo. A natureza da função é definida pelo verbo. A forma lógica da expressão "Xangô ergueu o machado" será:

" x X(x) ® E(x,.m) , "para qualquer x, se x é Xangô, então x ergueu o machado".

Os verbos que estão nas proposições dos leads de notícias em nível profundo representam deslocamentos, transformações e enunciações e podem ser compreendidos por modelos analógicos de conhecida representação digital:

A - Sejam os deslocamentos, e o vetor o modelo:
Parece-nos claro que, se um x "vai" de A para B, "vem" de A para B, "afasta-se" de A e "aproxima-se" de B, dependendo da posição do observador: "atravessa" ou "transpõe" o plano C: dependendo do sentido e direção do vetor, "sobe", "desce", "circunda" ou qualquer outra especificação do movimento.

Podemos supor que a categorização de um verbo entre os verbos de movimento estabelece suas características sintáticas. Trata-se de um sistema que transporta a si mesmo de um ponto a outro ponto. Temos, então, o sujeito transportador-transportado que vai de uma origem a um destino (de, para); por ou através de um caminho, sobre uma barreira ou piso, em volta de um obstáculo etc. Teremos, então, verbos com n-tuplas valências, ou funções que relacionam de maneira peculiar séries ordenadas de argumentos - sujeito, origem, destino, percurso etc. Ou seja,
F (x,y,z,...n)

B - Sejam as transformações, e o sistema o modelo:
A designação da função pode estar aparentada como sistema S (ex: moer, computar), com o input I (ex: cimentar), com o output O ( ex: gelar). O complemento acusativo (objeto direto) informa sobre o termo ou termos não contidos na designação. Por exemplo, "esculpir a pedra" (o input); "cimentar a calçada" (o output): "moer", indiferentemente, a farinha (o input) ou o pão (o output). Admite-se eventualmente outro complemento verbal para designar o terceiro termo da relação: fazer da pedra (input) uma escultura (output); transformar a pedra em escultura. Essa construção aparenta-se com outra, em que o input passa a ser interpretado como adjetivo: fazer "uma escultura de pedra" = "fazer uma escultura (feita) de pedra, erguer "um castelo (erguido com) de areia". Teremos:
F (x,y) ou F (x, y, z) em que x é o sistema, y e z o input ou output.

C - Sejam os deslocamentos, e ainda o sistema o modelo:
Seja o sistema S, cuja função é deslocar um objeto J de um ponto A para um ponto B. Input e output são estados de movimento ou inércia de J em A e B, respectivamente. Haverá um sujeito (argumento externo), que designa Sistema; um objeto (argumento interno) e outros argumentos que definem sentido direção e percurso do movimento: de onde para onde, em que, por sobre que, por sob que, em volta de etc. Teremos:
F (x,y,z,...n) , em que x designa o sistema S, y o objeto J e os demais argumentos definem o percurso.

D - Sejam transformações ou deslocamentos referidos ao input ou output.
Trata-se da situação em que o sujeito, ou argumento externo do verbo, não coincide com o agente da ação. O verbo é dito inacusativo - isto é, não dá caso ao objeto direto, e o paciente da ação, input ou output, ocupa o lugar do sujeito. Ocorre com formas pronominais dos verbos (a chamada voz passiva pronominal) tais como "construiu-se o prédio", em que o agente da ação é indeterminado; e com alguns verbos não pronominais, como morrer, nascer ou falir, todos intransitivos, em que o agente da ação é dado por inexistente: nasceu uma criança (o output), faliu a empresa (o input). Há duas peculiaridades nessa construção: 1. a tendência do falante de antepor o verbo ao sujeito; 2. a facilidade com que falantes do português constróem as frases sem concordar o verbo e o sujeito, como se este fosse, na verdade, objeto ou argumento interno. Teremos:
F (x) . em que x é o input ou output, paciente da ação, único complemento verbal.

E - A designação do Sistema coincide com o input ou output.
A ação é dita reflexiva, já que o input ou o output são, ao mesmo tempo, agentes e pacientes. Ocorre com formas pronominais intransitivas, como matou-se ou banhou-se. Teremos:
F (x) , em que x é, ao mesmo tempo, Sistema e input ou output .

F - Sejam as enunciações, o o modelo mais simples aquele que deriva de Aristóteles, em que E = emissor e R = receptor. E diz a R algo (que é o complemento direto), sobre o referente, pelo canal, no código. Esses complementos pedidos pelo modelo nada têm com as circunstâncias - onde, como, porque e para que o trânsito da mensagem aconteceu. Pode ter sido, por exemplo, um enunciado proferido em Berlim, em 1945, por medo do bombardeio, com a voz trêmula; terá sido, ainda assim, uma mensagem pelo rádio, em alemão, falando sobre a destruição da cidade.

Os verbos de enunciação são complementados por proposições precedidas de relacionador e que constituem a mensagem. Assim, Fulano "diz que...", "reclama que ...", "pergunta se ..." etc. Esses verbos dicendi constituem a forma jornalística básica dos verbos proposicionais. Teremos:
F (x,y, z,...) , em que x é aquele que enuncia, y o enunciado e os demais argumentos situações de enunciação.

Sobre o sistema dos verbos que estudamos acima, colocam-se as relações circunstanciais: (1) Como representá-las? e (2) Como transformar a circunstância em relação central da proposição, transferindo o verbo de ação para condição subordinada? Respondendo:

(1) As circunstâncias têm sido descritas como novas predicações lógicas. Duas circunstâncias - tempo e lugar - são parâmetros que balizam toda experiência humana. Em que pese a relação sensória cíclica dos homens com o tempo e a relatividade com que se devem encarar as distâncias, é usual representar essas duas grandezas vetorialmente, como progressões lineares. As circunstâncias de modo e instrumento são efetivamente predicativas, na medida em que atribuem qualidade à ação; a de instrumento sugere ainda, em certos casos, a oposição entre sistemas de controle (o motorista) e sistemas de operação (o automóvel); daí uma nova linhagem de verbos de controle, tais como mandar, comandar, impedir, determinar etc. A circunstância de causa tem sido objeto, historicamente, de profundas discussões, desde Guilherme de Occam a Stuart Mill, passando por Francis Bacon: abstraindo a distinção entre causa necessária (o oxigênio) e causa suficiente (a temperatura de ignição) de um fenômeno (o fogo), poderíamos propor que a relação de causa é uma implicação. Sendo assim, A é causa de B se A faz parte de um conjunto de fenômenos S tal que antecede B e, ocorrendo S, ocorre B.

(2) A questão põe em cena os verbos relacionais (causar, resultar, coincidir etc) e o processo de nominalização dos verbos de movimento de que decorrem referentes estritamente lingüísticos. Quero dizer: quando falo da queda do avião, refiro-me a algo (a queda) que não existe necessariamente no momento da enunciação e, do ponto de vista de uma filosofia positiva, jamais existiu. É algo que já vimos, quando tratamos de nomes e adjetivos.

7. Bibliografia

ALWOOD, Jens, ANDERSSON Lars-Gunnar, DAHL, Östen. Logic in Linguistics. Cambridge, Cambridge University Press, 1980.

CANN, Ronnie. Formal Semantics, an introduction. Cambridge, Cambridge University Press, 1993.

FREGE, Gottlob. Lógica e Filosofia da Linguagem, tradução de Paulo Alcoforado. São Paulo, Cultrix/EDUSP, 1978.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio, FGV, 1992, 15a. edição.

RADFORD, Andrew. Transformational grammar. Cambrdge, CUP, 1988.

________________. Syntax, a minimalist introduction. Cambridge, CUP, 1997.

HERTZ, Herman. The principles of Mecanics presentend in a new form, tradução de D.E. Jones e J. T. Walley. New York, Dover, 1956, pags 1-5.

KEMPSON, Ruth M. Semantic Theory. Cambridge, Cambridge University Press, 1989.

LAGE, Nilson. Ideologia e Técnica da Notícia. Petrópolis, Vozes, 1979.

TARSKI, Alfred. Logique, sémantique, métamathématique. Paris, Armand Colin, 1974.

VAV DIJK, Teun A . La ciencia del texto. Barcelona, Paidos, 1983


Fonte: Nilson Lage
Trabalho apresentado no XX Congresso da Intercom, em Santos, julho de 1997

sábado, 18 de agosto de 2007

Aula do dia 17/ 08

Texto: "Nós que aqui estamos por vós esperamos"
1º Etapa:
Leitura do texto.

2º Etapa:
Identificação das palavras-chaves.

3º Etapa:
Ordenar pela importância do assunto

4º Etapa:
Produção de texto jornalítico

5º Etapa:
Distribuição das palavras - Chaves do testo jornalistico
  • Lide
  • Sublide
  • Corpo de matéria
  • Fechamento

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Livro indicado...1GQ

O livro indicado para o primeiro GQ será:

  • "O livreiro de Cabul" de Asne Seierstad.

Sugestão de livros...

  • "Sobre entrevista"
  • "Estrutura da noticia"
  • "A cronica"
  • "As boas mulheres da China"

Historia do livro "O livreiro de Cabul"

Durante a primavera de 2002, a jornalista norueguesa Asne Seierstade, viveu durante três anos com uma família afegã, podendo produzir essa narrativa contando os detalhes do dia-a-dia de Sultan Khan, um famoso livreiro de Cabul, suas duas esposas, cinco filhos e outros parentes em uma casa de quatro cómodos.Como ocidental, mulher e hóspede, ela pode viver na pele como é, principalmente, a vida das reprimidas mulheres afegãs, tanto no período do Talibã como depois dele, além de poder transitar entre os universos feminino e masculino, mostrando em seu texto, como os homens Com o best-seller já vendido em 30 países, a jornalista não parou por aí, partiu para uma ação mais concreta para ajudar os afegãos: doou US$ 200 mil (cerca de R$ 450 mil), parte dos ganhos com seu livro, para construir uma escola para 600 garotas nos arredores de Cabul. Khan, cujo verdadeiro nome é Shah Mohammad Rais, ameaçou processar Seierstad, mas trocou o tribunal por um contrato com um editor

Ementa

1. EMENTA

A função do copydesk. A condensação de notícias. Chamadas e aberturas. Articulação. Normas. Revisão. Critérios editoriais.

2. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO E METODOLOGIA

A função do copydesk. Pente fino. Reescrever a matéria. Cozinha. Suíte. A condensação de notícias. A seleção de dados para
pouco espaço e em pouco tempo. A criatividade do repórter. A criatividade do redator. Chamadas e aberturas. Chamadas de
primeira página. Chamadas de noticiários radiofônicos e televisado. Aberturas de reportagens. Aberturas de noticiários para
rádio e televisão. Articulação. Articulação com o projetista e o editor. Articulação do editor com o cinegrafista e o repórter.
Normas. Livros de normas. Manuais de redação. Provas tipográficas. Revisão. Normas de revisão. Revisão em equipamentos
de vídeo e texto. Critérios editoriais. Espaço ou tempo. Interesse. Repercussão na comunidade.

3. BIBLIOGRAFIA
AMARAL, Luiz. A objetividade jornalística. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998.
CHANTLER, Paul. Radiojornalismo: (rádio BBC). São Paulo: Summus, 1998.
ERBOLATO, Mário L. Técnicas de codificação em jornalismo: redação, captação e edição de jornal. São Paulo: Ática, 1991.
HAMBURG, Ester. A TV aos 50. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2000.
MANUAL de estilo editora abril. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
MANUAL de redação. São Paulo: O Estado de São Paulo, 1997.
MELO, José Marques de. Sociologia da imprensa brasileira. Rio de Janeiro: Vozes, 1973.
PORCHAT, Maria Elisa. Manual de radiojornalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986.
ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo: Brasiliense, 1980.
NOVO manual de redação. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1998.