domingo, 2 de setembro de 2007

Revista - Artigo

Se os jornais são basicamente locais, ou regionais, as revistas, no Brasil, como de resto na maior parte do mundo, são nacionais. O boletim da Mc Cann-Erickson registra a existência de 885 títulos de revistas no País.

Na maioria, elas respondem a interesses segmentados - são revistas infantis, femininas, técnicas, etc. Cabe menção, aqui, a duas revistas semanais de informação no formato da americana Time - e, principalmente,Veja, fundada em 1968 e pertencente à Editora Abril, maior empresa editorial do Brasil, é um fenômeno em dois sentidos. Primeiro, no número de leitores.

Com tiragens que beiram o 1,3 milhão de exemplares, ela só perde atualmente, entre suas congêneres no mundo, para as três americanas - Time, Newsweek e US News and World Report. Já ultrapassou a alemã Der Spiegel e as francesas L'Express, Le Point e Le Nouvel Observateur, entre outras. Mas Veja é um fenômeno, também, pelo fato de muitas vezes chegar aos fatos antes dos jornais, noticiar primeiro, dar o "furo".

O papel das revistas, em princípio, é consolidar e sintetizar, ao final de uma semana, o que já foi noticiado ao longo dela pelos jornais. Invertendo essa regra, Veja e, em certa medida, também IstoÉ (fundada em 1976, tiragem em torno dos 500 mil exemplares) muitas vezes têm saído à frente e imposto a pauta que em seguida será trilhada pelos jornais.

Foi assim, entre outros episódios, nos acontecimentos que culminaram com a destituição do presidente Collor. Semana a semana, apareciam em Veja, e quando não em Veja em IstoÉ, as denúncias que acabaram por solapar irremediavelmente a credibilidade do presidente.

A agilidade surpreendente é a boa característica da imprensa semanal de informação do Brasil. Outra é uma capacidade de aprofundamento maior do que os jornais, de forma a apresentar uma história de forma mais abrangente e compreensível. A parte negativa é uma confusão entre opinião e informação maior do que a que se observa nos jornais.

As posições políticas das revistas, as preferências pessoais e idiossincrasias, muitas vezes acabam chegando ao leitor no mesmo tom geral, que se pretende "analítico" e "interpretativo".

A imprensa brasileira é tudo o que se alinhou nos últimos parágrafos - arrogante, carente de profundidade, dada ao emocionalismo e ao sensacionalismo, nem sempre atenta à distinção entre informação e opinião - mas viva a imprensa brasileira. Feitas as contas, somados os prós e diminuídos os contra, ela tem prestado bons serviços ao País.

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