terça-feira, 25 de setembro de 2007

Revistas: Redigir e Editar 7

Redigir e Editar uma Revista – Crônicas

Parente próxima da Literatura, a crônica jornalística reflete situações da rotina diária, criando uma identificação entre o cronista e o leitor. Carlos Drummond de Andrade dizia que o cronista "se permite usar um tratamento mais coloquial, usar o pronome eu e contar como é que foi o dia anterior.(...) Mas às vezes esse eu é imaginário, falo de uma coisa que não aconteceu comigo, mas que poderia ter acontecido. Eu acho que essa receita de crônica pode interessar ao leitor. Mas interessar relativamente”.

Na mesma entrevista, Drummond cita Machado de Assis como o maior cronista brasileiro. O próprio Machado de Assis em sua obra Crônicas Escolhidas, define a origem do gênero como um encontro de vizinhas a “escarafunchar” as ocorrências do dia.

A seleção citada apresenta crônicas machadianas que se relacionam exatamente com os fatos da rotina diária: Como comportar-se no bonde, Impostos, Briga de Galo, Meditações no Bonde, Caso de Bigamia, O Cronista e a Semana, etc.

No dicionário a crônica é definida como artigo de jornal ou revista, assinado, com reflexões sobre assuntos diversos como Literatura, Teatro, Política, temas policiais, acidentes, fatos rotineiros, etc.

São grandes nomes da crônica brasileira: Machado de Assis, João do Rio (Paulo Barreto), Olavo Bilac, Manuel Bandeira, Rachel de Queirós, Carlos Drummond de Andrade, Genolino Amado, Rubem Braga, Sérgio Porto, Antonio Maria, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, José Carlos de Oliveira, João Ubaldo Ribeiro, Mário Prata, Veríssimo etc.

Em relação ao conto literário, a diferença da crônica é que ela não tem personagens definidos. Retrata pessoas e fatos da vida real, situações concretas que são ou podem ser vivenciadas na rotina diária. Como em outros textos recreativos, a crônica inclui um ponto ótimo de tensão intelectual. “Se for simples demais ou de difícil entendimento, o prazer de ler será menor", conforme ensina Sérgio Vilas Boas.

Naturalmente vai escrever uma boa crônica o repórter que tem boa formação cultural; acentuado hábito de leitura; texto fluente, fácil e agradável; sensibilidade para observar os fatos do dia e transformá-los em saborosas crônicas com as técnicas do próprio conto literário: Início ( fato a ser analisado ou caricaturado ), desenvolvimento ( com observações que mostram pleno domínio da língua e ampla visão de mundo ) e fim ( com uma frase engraçada, uma piada, uma "moral da história" etc.).

A recomendação básica é ler atentamente boas crônicas, observando-lhes a estrutura, para depois iniciar-se no gênero com segurança. Nenhuma disciplina técnica poderá passar um formato fechado, padrão, quadrado, hermético sobre como produzir o texto imaginativo, pois não se trata de uma receita de bolo, trata-se de criatividade. E isso vai do potencial de cada um.

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